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in Revista de Psicología
Preocupações com a economia: desigualdade de renda e satisfação com a vida
Resumo:
Situações financeiras afetam direta e indiretamente a vida das pessoas. Fenômenos como desemprego e percepção de disparidade de renda embutem consequências negativas a dimensões objetivas e subjetivas da vida. Neste estudo, o papel mediador exercido pelas preocupações com a economia foi analisado na relação entre a desigualdade de renda e satisfação com a vida no Brasil. Participaram deste estudo 278 estudantes universitários (idade: M = 23,71; DP = 7,31). Além de questões sociodemográficas e da renda familiar como proxy para desigualdade de renda, foram utilizadas medidas de satisfação com a vida e preocupações com a economia, assim como uma questão subjetiva sobre a relação entre as variáveis. Os resultados demostraram que a relação entre a renda familiar e a satisfação com a vida foi mediada pelas preocupações com a economia pessoal (e não a economia brasileira). Sobre a questão aberta, uma categoria sobressaiu-se na análise de conteúdo: Preocupações com a economia como determinante da satisfação com a vida (39,7%). Em conjunto, estes resultados retratam a relevância da preocupação com a economia como definidor da satisfação com a vida, especialmente no caso de estudantes universitários, mostrando que a relação direta entre desigualdade de renda e satisfação com a vida é afetada por esta percepção.
Introdução
A crise político-econômica em países em desenvolvimento tende a agravar a desigualdade de renda. Alguns dados socioeconômicos facilmente demostram essa relação. No Brasil, o desemprego proporcionou um aumento na disparidade de renda domiciliar per capita (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], 2020). Além do aumento do desemprego, a inflação corrompe a renda e diminui o poder de compra da população. Assim, o corte de gastos e o aumento do desemprego faz com que as preocupações com a economia estejam presentes no cotidiano da grande maioria das pessoas. Este tipo de preocupação consiste numa apreensão dos indivíduos quanto às suas situações financeiras que pode ser afetada por fatores sociais como o desemprego, a renda recebida e a disparidade de renda (Roth, Hahn, & Spinath, 2017).
A desigualdade de renda é um tema bastante presente em toda a história do Brasil (Campello, Gentili, Rodrigues, & Hoewell, 2018). Tal desigualdade é determinada pela distância entre os rendimentos dos indivíduos de diferentes extratos sociais, o que demonstra a importância de atentar-se para a renda financeira. Assim, a renda consiste no produto recebido como remuneração de trabalho ou de aplicação de capital, como é o caso da remuneração através do aluguel de imóveis. Portanto, podemos diferenciar dois tipos de renda: uma sobre o trabalho e outra sobre o capital. Deste modo, é por meio da diferença entre estes dois tipos de rendimentos que a desigualdade é gerada, perpetuada e agravada (Piketty, 2013).
Assim, constata-se que rendimentos, afetados pela limitação orçamentária, atinja diretamente o modo como as pessoas percebem a sua vida e o mundo ao seu redor (Scalon & Salata, 2016). Por exemplo, a satisfação com a vida é um dos elementos que pode ser influenciado pela desigualdade de renda. O constructo “satisfação com a vida” pode ser definido como um processo de julgamento cognitivo em relação a determinados aspectos da vida (e.g., relações sociais, renda, condições de habitação, saúde, educação, etc.). Portanto, se refere a uma avaliação geral da vida, própria do indivíduo, atravessada pela percepção de fatores sociais, uma vez que essa avaliação decorre de uma comparação entre as características da vida de uma pessoa e um padrão por ela esperado (Diener, Emmons, Larsen, & Griffin, 1985).
Pesquisadores de psicologia, sociologia e economia têm se debruçado para compreender a relação entre a desigualdade de renda, felicidade e/ou satisfação com a vida (Ferrer-i-Carbonell & Ramos, 2014; Roth et al., 2017). A diferenciação entre as terminologias “satisfação com a vida”, “bem-estar subjetivo” e “felicidade” ainda vem sendo discutida e em estudos recentes são interpretados como sinônimos (Karimi & Brazier, 2016). A falta de consenso dessa terminologia é destacada por Moura Jr. e Sarriera (2017) a partir da revisão sistemática de produções científicas nacionais e internacionais onde buscaram artigos que relacionavam pobreza e bem-estar (subjetivo). Os artigos relacionando esses descritores eram, em sua maioria, estudos com delineamento quantitativo, com uso de escalas psicométricas e instrumentos que mensuravam o grau de pobreza da população, com fortes divergências na forma de definir o conceito de bem-estar e ramificações.
Assim, apesar da interpretação muito utilizada nas ciências sociais aplicadas dos conceitos de felicidade, bem-estar subjetivo e satisfação com a vida enquanto sinônimos, neste artigo será utilizado o termo satisfação com a vida por configurar-se como um dos elementos do bem-estar subjetivo, por depender da percepção de indicadores mais objetivos como fatores situacionais e padrões de comparação do que as outras formas de conceituação (Dela Coleta & Dela Coleta, 2006).
De fato, aspectos mais objetivos têm sido analisados (e.g., educação, renda, classe social) e o seu efeito sobre a felicidade no Brasil, apresentando resultados de uma correlação fraca, mas positiva, entre renda e bem-estar percebido (e.g., Islam, Wills-Herrera, & Hamilton, 2009; Mendes-da-Silva, Onusic, Norvilitis, & Moura, 2013; Ribeiro, 2015 ). Assim, estudos interdisciplinares têm enriquecido a discussão entre os fatores sociais como a renda e seu efeito no bem-estar de modo mais amplo, apesar da ausência de análise da relação direta entre a desigualdade de renda e a satisfação com a vida no Brasil, assim como uma melhor compreensão sobre mecanismos subjacentes à relação (e.g., preocupações com a economia).
Neste sentido, é pertinente observar essas variáveis durante o período que o Brasil vivencia desde 2018: se recuperando lentamente de uma crise econômica, mas ainda com um alto número de desempregados. Faz-se necessário explorar como aspectos macrossociais (i.e., econômicos) influenciam fatores psicológicos como a satisfação com a vida, a fim de avaliar estratégias para lidar com as consequências sociais para a saúde física e psicológica.
Relação entre desigualdade de renda e satisfação com a vida
Pesquisadores que buscam compreender a relação entre fatores econômicos e a satisfação com a vida têm se intensificado nos últimos anos em países europeus (Delhey & Dragolov, 2014; Quispe-Torreblanca, Brown, Boyce, Wood, De Neve, 2021; Schröder, 2016 ) e também na América Latina (e.g., Vera-Villarroel et al., 2015). A recente crise migratória que acometeu o velho continente mexeu com as situações de emprego e renda, levando a maiores índices de preocupação com a economia destes países, mostrando-se necessária a análise dessa relação.
Outro exemplo parte de Delhey e Dragolov (2014) na análise do efeito da renda nacional na satisfação com a vida em trinta países europeus, no qual verificaram a relação entre a disparidade de renda e a satisfação com a vida, levando em consideração três mediadores: (des)confiança, ansiedade de status e conflitos percebidos que são fenômenos cognitivos que influenciam a forma das pessoas julgarem a vida. A confiança é uma aposta sobre futuras ações de outras pessoas; a ansiedade de status se refere a uma preocupação sobre o lugar/status ocupado na sociedade; e conflito percebido se refere à ideia de (in)justiça, a partir de relações adversas entre grupos sociais. Desta maneira, o estudo encontrou que a renda nacional foi mais importante para a satisfação da vida do que a distribuição de renda. Esta, por sua vez, influencia a satisfação com a vida dos europeus de forma negativa. No que se refere aos mediadores, foi observado um efeito indireto e significativo da distribuição de renda na satisfação da vida através da (des)confiança e da ansiedade de status, ou seja, o aumento da disparidade dos rendimentos acarreta uma maior desconfiança ou ansiedade de status, que se traduz numa menor satisfação com a vida. Já no caso dos conflitos percebidos, eles não prejudicam a satisfação com a vida das pessoas, não havendo assim o papel de mediador.
O estudo de Schröder (2016 ), por sua vez, analisou o efeito da renda na satisfação com a vida na sociedade alemã. Assim, a pesquisa constatou um efeito direto e positivo nesta relação, ou seja, quanto maior a renda, maior a satisfação com a vida. Deste modo, foi constatado que os grupos com renda acima da média estão mais satisfeitos do que os grupos com renda abaixo da média. Além disso, verificou que estar empregado aumenta a probabilidade de estar satisfeito com a vida, e estar em qualquer grupo etário, que não seja 40-59 anos, também aumenta as chances de estar satisfeito. Já em relação ao estado civil: casados têm 19,7% a mais de chances para ficarem satisfeitos, em comparação com os solteiros. Enquanto os divorciados e viúvas têm maiores probabilidades de estarem insatisfeitos com a vida. Ser saudável aumenta as probabilidades da pessoa estar satisfeita, concomitantemente que ser menos saudável diminui as chances em 94,8%. No que se refere ao efeito de mediação, a pesquisa analisou a relação disparidade de renda-satisfação com a vida através da atenção da mídia. Com base nisso, encontrou que este mediador influencia de forma negativa a relação desigualdade-satisfação tanto para a população como um todo, quanto para cada indivíduo. Este resultado indicou que a percepção da disparidade de renda pode diminuir a satisfação com a vida das pessoas.
De maneira semelhante, Roth et al. (2017 ) analisaram o efeito da disparidade de renda na satisfação com a vida, verificando a influência de outro mediador nessa relação: as preocupações com a economia. Com uma amostra representativa da população alemã, os autores diferenciaram os participantes por grupos de renda média familiar, separando a população em três categorias de renda por quartis: pessoas abaixo da linha de pobreza; pessoas acima da linha de pobreza, mas que não estão incluídas nos 10% mais ricos; e pessoas que fazem parte dos 10% mais ricos. Partindo dessa diferenciação, os resultados começaram a mostrar a pertinência na separação das faixas de renda média familiar.
Inicialmente, constatou-se um efeito direto, negativo e significativo da desigualdade de renda na satisfação com a vida, mas especialmente para pessoas abaixo da linha de pobreza. Assim, como era de se esperar, uma maior desigualdade de renda afeta fortemente a satisfação com a vida de pessoas pobres, mas o efeito indireto esperado através das preocupações econômicas não foi significativo. Por sua vez, o grupo com renda familiar média (acima da linha da pobreza e abaixo dos 10% mais ricos) apresentou um efeito indireto e significativo na relação desigualdade-satisfação, através das preocupações com a economia. Assim, nesta categoria de renda, o aumento da desigualdade elevava as preocupações econômicas que, por sua vez, diminua a satisfação com a vida. Já no caso do grupo de maior renda foi encontrado o mesmo efeito do grupo de renda média, entretanto, uma descoberta sobressaiu-se: quando retirada a mediação, constatou-se um efeito direto, positivo, significativo da disparidade de renda na satisfação com a vida, indicando que maiores níveis de desigualdade aumentam diretamente a satisfação de vida dos mais ricos.
Os resultados de Roth e colaboradores (2017) abriram um novo olhar sobre a relação entre a desigualdade de renda e a satisfação com a vida: a) o efeito negativo esperado nessa relação mostrou-se válido apenas para as pessoas abaixo da linha da pobreza, ou seja, uma maior desigualdade de renda leva a uma menor satisfação com a vida; b) tal efeito foi invertido para os participantes mais ricos, i.e., uma maior desigualdade de renda aumentou também a satisfação com a vida dos alemães mais ricos; c) o efeito mediador das preocupações com a economia nesta relação faz sentido especialmente para a classe média, onde a satisfação com a vida vai variar, a depender da percepção destes participantes frente às questões econômicas do país.
Considerando que a inserção de estudantes em universidades públicas federais ainda é tomada por grande parte da classe média, mesmo com o incentivo de cotas sociais, questiona-se: será que no Brasil o efeito direto esperado da desigualdade de renda familiar na satisfação com a vida das pessoas se mantém? Ou será que o efeito vai depender da faixa de renda média familiar desse grupo, como no estudo de Roth e colaboradores (2017)? O efeito mediador das preocupações com a economia seria relevante?
No Brasil, apesar de estudos interdisciplinares analisarem aspectos como a pobreza (Junior & Sarriera, 2017), a saúde (Mendes-da-Silva et al., 2013 ), renda ( Ribeiro, 2015 ) e sua relação com o bem-estar subjetivo e/ou financeiro (Campara, Vieira, & Potrich, 2017), não foram encontrados estudos que analisassem diretamente a relação entre a desigualdade de renda ou renda média familiar e a satisfação com a vida, tampouco possíveis mediadores dessa relação.
Neste sentido, objetivou-se analisar a existência da relação entre a renda média familiar de estudantes universitários e a sua satisfação com a vida. Especificamente, pretendeu-se investigar a relação entre a renda média familiar e a satisfação com a vida, verificando a função desempenhada pela preocupação com a economia nesta relação, ou seja, o seu potencial efeito mediador nesta relação.
Método
A partir destes objetivos, pretendeu-se adaptar o estudo de Roth et al. (2017 ) para a realidade brasileira através de um estudo exploratório, correlacional, utilizando as variáveis: renda média familiar, satisfação com a vida e preocupação com a economia.
Participantes
Participaram deste estudo 278 estudantes universitários de duas Universidades públicas Federais, localizadas em regiões distintas do Brasil. Uma universidade encontra-se na região Nordeste, numa cidade do interior da Paraíba, e outra fica localizada na capital do Espírito Santo, na região Sudeste. A coleta de dados deu-se através de amostra não-probabilística por conveniência.
Os participantes apresentaram uma variação de idade de 16 a 70 anos (M = 23,71; DP = 7,31), com renda familiar variando de R$600,00 a R$10.000,00 (M = 3.518,73; DP = 2.536,72). É importante reportar que nem todos os participantes do estudo responderam à questão sobre renda média familiar. Assim, dos 278 participantes, 31 não informaram a sua renda média familiar. Em sua maioria, informaram ser do gênero feminino (50,4%), sendo um participante identificando-se como de outro gênero. Ademais, a maior parte dos voluntários não estava empregada no momento de aplicação dos questionários (60,4%).
Instrumentos
Para condução do estudo foi organizado um questionário no formato lápis e papel. O instrumento apresentava perguntas sobre aspectos sociodemográficos como gênero, idade, situação atual de empregado e renda familiar. Adicionalmente foram inseridos indicadores de renda e escalas psicométricas, sendo estes:
Indicador de desigualdade de renda. Utilizamos a média de renda familiar indicada por cada participante como proxy para a medida de desigualdade de renda, tal qual utilizado por Roth et al. (2017 ). Considerando a amostra reduzida desta pesquisa em comparação com outros estudos sobre desigualdade de renda, a renda média familiar informada pelos participantes foi dividida em dois quartis com base na mediana da renda familiar de toda a amostra (M = R$2.700,00). Assim, uma variável dummy foi criada com o valor 1 para o quartil A, referente aos participantes que possuem renda familiar abaixo da mediana, e o valor 2 para o quartil B, referente aos participantes que possuem renda familiar acima da mediana.
Escala de Satisfação com a Vida. Foi utilizada uma versão adaptada da Escala de Satisfação com a Vida (ESV; Diener et al., 1985; Gouveia, Chaves, Oliveira, & Carneiro, 2005), de modo que todos os itens foram mantidos, mudando apenas a chave de resposta da escala. Assim, foi utilizada a escala Likert variando de 1 (discordo totalmente) até 5 (concordo totalmente). Esta escala foi analisada por meio do método de extração fatoração de eixo principal, com rotação Varimax. Como esperado, a escala de satisfação com a vida (KMO = 0,79) replicou resultados da escala original. Esta escala permaneceu com os cinco itens formando um único fator (e.g., “Estou satisfeito com minha vida”; α = 0,89).
Questionário de preocupações com a economia. Uma pergunta oriunda do estudo de Roth et al. (2017 ) foi adaptada para o português para avaliar preocupações com a economia (e.g., “Você sente preocupação com a sua atual situação econômica?”). Foram também inseridas outras perguntas sobre a atual e futura situação econômica do Brasil, e sobre as preocupações com o futuro profissional do participante e o futuro de sua família. Indicadores oriundos de procedimentos de análise fatorial apontaram adequado ajuste no modelo com dois fatores. O fator 1 incluiu dois itens referentes à preocupação com a economia brasileira (e.g., “atual situação econômica do Brasil”; α = 0,89). Já o fator 2 incluiu três itens referentes à preocupação com a economia pessoal, do próprio participante (e.g., “Minha atual situação econômica”; α = 0,74). Para resposta das questões foi utilizada uma escala Likert variando de 1 (nada preocupado) até 5 (extremamente preocupado).
Aspectos éticos
Esta pesquisa seguiu os aspectos éticos referentes à pesquisa envolvendo seres humanos, em conformidade com a Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012 (Brasil, 2012) do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Assim, a coleta de dados só foi iniciada após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa de uma Universidade Federal brasileira, através do protocolo CAAE: 69311917.9.0000.5182. O sigilo e o anonimato das informações cedidas pelos participantes foram assegurados pelo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Análise dos dados
Os questionários passaram, inicialmente, por uma verificação de respostas às escalas, visando identificar aqueles que não tinham respondido todas as perguntas do instrumento. A partir disso, os dados quantitativos foram registrados na base de dados utilizando o software Statistical Package Social Sciences (SPSS) versão 25, possibilitando as análises descritiva, fatorial e inferencial dos dados (correlação e análises condicionais).
Foi também realizada uma análise qualitativa através da análise de conteúdo (Bardin, 1977), possibilitada por uma pergunta aberta disposta ao final do questionário que viabilizou respostas subjetivas à sentença “Faça um comentário sobre a satisfação com a sua vida e o seu trabalho (caso trabalhe) no contexto econômico atual”.
Resultados
Análise estatística
A tabela 1 apresenta as análises descritiva e de correlação r de Pearson para as variáveis utilizadas no estudo, onde a variável preocupações com a economia foi dividida em dois fatores, analisados separadamente. As correlações entre o indicador de desigualdade de renda (IDR), Escala de Satisfação com a Vida (ESV) e o fator preocupações com a economia pessoal (PEP) mostraram-se todas significativas e no sentido esperado.
Por outro lado, o fator preocupações com a economia brasileira (PEB) apenas se correlacionou positiva e significativamente com o fator preocupações com a economia pessoal (PEP). A partir destes resultados, tornou-se possível analisar os objetivos específicos desta pesquisa, utilizando apenas o fator PEP.
Neste sentido, prosseguiu-se para o Teste de Mediação por regressão linear múltipla, a fim de testar se a relação entre o indicador de desigualdade de renda e a satisfação com a vida é mediada pelas preocupações com a economia pessoal.
O Modelo de Regressão Linear Múltipla (MRLM) é um conjunto de técnicas (estatística descritiva e inferencial) que possibilita a análise de modelos explicativos entre a relação de uma variável dependente (VD) e duas ou mais variáveis independentes (VIs). No caso desse estudo, para testar a replicação da mediação obtida em Roth et al. (2017 ), a variável “satisfação com a vida” foi a variável dependente (VD) e as variáveis independentes (VIs) são “desigualdade de renda” e “preocupações com a economia pessoal”, onde esta última também é o mediador. Neste sentido, para verificar a mediação entre as variáveis, existem condições que precisam estar alinhadas (ver Preacher & Hayes, 2004 para saber mais). As condições foram: a) VI afeta significativamente a VD na ausência do mediador (passo 1); b) VI deve afetar significativamente o mediador (passo 2); c) Mediador tem um efeito único significativo na VD (passo 3) e; d) O efeito da VI na VD diminui a partir da adição do mediador ao modelo (passo 3).
A fim de compreender a relação entre desigualdade de renda e satisfação com a vida dos estudantes universitários, a variável mediadora testada foi o fator preocupações com a economia pessoal. Para tanto, três modelos de regressão foram estimados e definidos como passos 1, 2 e 3 a fim de facilitar a análise das condições da mediação (ver tabela 2 ). No passo 1, regrediu-se a satisfação com a vida (VD) na desigualdade de renda (VI), isto é, verificou-se se a desigualdade de renda afetava positiva e significativamente a satisfação com a vida. Como previsto, os resultados mostraram que a desigualdade de renda se relaciona positivamente com a satisfação com a vida, ou seja, quanto maior a desigualdade de renda (e.g., maior renda familiar mensal), maior a satisfação com a vida. O contrário também se mostrou verdadeiro: quanto menor a renda familiar mensal, menor a satisfação geral com a vida.
No passo 2, isto é, no segundo modelo, regrediu-se a VD preocupações com a economia pessoal na desigualdade de renda (VI), já que se fez necessário analisar se a desigualdade de renda influenciava as preocupações com a economia pessoal (mediador) significativamente para haver mediação. Os resultados mostraram que, neste caso, quanto menor a renda familiar mensal, maiores são as preocupações com a economia pessoal; no mesmo sentido, quanto maior a renda familiar (i.e., a desigualdade de renda), menores serão as preocupações com a economia pessoal.
Por fim, no passo 3, o último modelo, a variável preocupações com a economia pessoal junta-se à desigualdade de renda como VI frente à VD satisfação com a vida. Assim, procedeu-se à análise sobre o papel das preocupações com a economia pessoal na relação entre desigualdade de renda e satisfação com a vida.
Os resultados indicaram que (1) o efeito das preocupações com a economia pessoal na satisfação com a vida é negativo e significativo, e (2) o efeito direto da desigualdade de renda (VI) na satisfação com a vida (VD) diminuiu a partir do efeito indireto das preocupações com a economia pessoal (mediador). Em suma, a relação entre desigualdade de renda e satisfação com a vida foi parcialmente mediada pelas preocupações com a economia pessoal dos estudantes universitários (Sobel = 2,54; p = 0,01). Estes resultados corroboram a mediação demonstrada por Roth et al. (2017 ), apesar de ter sido uma mediação parcial. ( Ver figura 1 ).
Neste sentido, a desigualdade de renda proveniente da diferença na renda média familiar dos estudantes universitários mostra-se relacionada com a satisfação geral com a vida destes estudantes. Apesar de ser significativa, essa relação direta acaba por ser enfraquecida quando as preocupações com a economia pessoal surgem. Isso significa que os estudantes universitários com menor renda familiar se sentem menos satisfeitos com a vida quando se preocupam com a economia pessoal. O contrário acontece para os participantes com maior poder aquisitivo, isto é, os estudantes universitários com maior renda familiar se preocupam menos com a economia pessoal, o que os faz se sentirem mais satisfeitos com a vida em geral.
Assim, ao identificar a relação entre essas variáveis, passou-se à etapa qualitativa do estudo, a fim de verificar a complementaridade dos resultados estatísticos com os posicionamentos dos participantes.
Análise de conteúdo
Através da sentença “Faça um comentário sobre a satisfação com a sua vida e o seu trabalho (caso trabalhe) no contexto econômico atual”, objetivou-se fazer com que os participantes validassem subjetivamente os resultados quantitativos encontrados. Tal abertura possibilitou uma análise qualitativa dos dados por meio da análise de conteúdo (Bardin, 1977), e permitiu observar o modo que os dados quantitativos encontrados se relacionavam na prática, na vida das pessoas.
Foram levantadas seis categorias: preocupação com a economia como determinante da satisfação com a vida; satisfação com a vida (por condições/fatores outrem além do econômico); insatisfação com a vida (por condições/fatores outrem além do econômico); satisfação e insatisfação no trabalho; otimismo em relação ao futuro; e não categorizáveis.
Preocupação com a economia como determinante da satisfação com a vida. Categoria com maior prevalência entre os participantes, corresponde a 39,7% do total de respostas e aponta para a relação entre duas variáveis do presente estudo, tal como foi encontrado na análise quantitativa. Observou-se que alguns participantes estavam insatisfeitos com a vida em razão da crise econômica. Além disso, por se tratarem de estudantes universitários, muitos em situação de desemprego, a conjuntura de crise gerou também uma apreensão sobre o futuro profissional. Ademais, houve alguns estudantes que se consideravam satisfeitos com a vida, entretanto, estavam preocupados com a situação financeira atual. A seguir são explicitadas algumas declarações que ilustram esta categoria:
P26: “Minha vida atual é de certa maneira boa, porém atualmente venho sentindo o impacto da economia e me privando de diversas coisas que antes eram lazer para mim e minha família”.
P32: “Vivo uma vida bem limitada, pois minha [família] encontra-se no meio de uma crise econômica, não só minha família, mas o Brasil inteiro. Meu pai se encontra desempregado o que dificulta um pouco mais”.
P34: “Atualmente os produtos estão muito mais caros se comparados a alguns outros países parecidos com o Brasil, isso afeta a felicidade por perder o poder de compra melhor (sic)”.
P49: “Falando como estudante, me preocupo de concluir meu curso e não conseguir ingressar no mercado de trabalho considerando a crise no país”.
P184: “A situação econômica do Brasil tem preocupado muito, pois não sabemos o qual será em um futuro próximo. Nós devemos escolher melhor nossos governantes, com o intuito de melhorar nossas condição econômica (sic)”.
P270: “Estou sem vender, sem gerar resultados diante da crise isso me prejudica até em momentos com a minha família (sic)”.
Este resultado confirma o que foi encontrado na análise quantitativa, ou seja, as preocupações econômicas afetam a satisfação com a vida das pessoas. Esta experiência também é apresentada no estudo de Roth et al. (2017 ): as preocupações econômicas ocasionadas pela crise financeira acarretam uma diminuição na satisfação com a vida de parte da amostra. Além disso, corrobora resultados de Schröder (2016 ) que demonstra como pessoas desempregadas estão menos satisfeitas com a vida do que aquelas que estão empregadas.
Satisfação com a vida (por condições/fatores outrem além do econômico). Esta categoria correspondeu a 24,6% da opinião da amostra. Ela se refere às pessoas satisfeitas com a vida em razão de aspectos gerais, tais como: familiares, sociais, estudantis, afetivos, profissionais, financeiros, condições materiais. Seguem exemplos:
P82: “Estou super satisfeito com a condição na qual vivo atualmente, tenho uma vida muito boa, inclusive economicamente, não ostento, mas, não me falta nada estou estabilizado financeiramente”.
P137: “Estou bastante satisfeito com minha vida, pois meus pais provêm todas as minhas necessidades financeiras, então eu só preciso me preocupar com meus estudos”.
P144: “De modo geral, atualmente estou satisfeita com minha vida, tenho conseguido atingir meus objetivos na minha vida acadêmica. Assim como, estou satisfeita com a minha convivência com as pessoas”.
P252: “Minha família está com saúde e todos estão bem, portanto estou muito satisfeito”.
Relatos nessa categoria corroboram estudo de Mendes-Da-Silva et al. (2013 ), no qual foi constatado que para jovens adultos, a segurança pessoal, as perspectivas de emprego, a situação financeira e as oportunidades acadêmicas recebem graus de importância superior para satisfação geral com a vida. Mostrando assim que, apesar da situação financeira, outros fatores mantêm sua forte influência sobre a satisfação com a vida das pessoas. Da mesma forma, resultados no estudo de Delhey e Dragolov (2014) são corroborados por esta categoria ao apresentar que as condições de vida materiais contribuem para a satisfação com a vida.
Insatisfação com a vida (por condições/fatores outrem além do econômico). Algumas pessoas também se encontram insatisfeitas em relação à vida, apresentando um desprazer no que se refere a problemas gerais. A presente categoria correspondeu a 15,1% das respostas, com relatos como:
P44: “Ultimamente não ando muito satisfeito com a minha vida devido a várias dificuldades como uma falta de identificação no curso ou no que quero exercer futuramente e dificuldades financeiras dentro da família ocasionando alguns conflitos internos”.
P65: “Estou passando por um momento de crise de identidade, não sei quais caminhos tomar, não consigo decidir coisas muito importantes para mim, o que tem me deixado extremamente insatisfeita com a minha vida”.
P76: “Eu não sou tão satisfeito com a minha situação atual, tanto financeira quanto social. Preocupo-me com a minha família, comigo e com os meus estudos. Já trabalhei, porém não trabalho mais, prefiro dar mais atenção aos meus estudos”.
P212: “Desanimada, não faço o que gosto, descepcionado com o curso, e perspectiva de um futuro melhor é nulo (sic)”.
É importante destacar que grande parte dos relatos presentes nesta categoria diz respeito às relações sociais insatisfatórias. Esta é uma das características que determinam o julgamento sobre satisfação com a vida de jovens em idade universitária, tal como indica Bruni (como citado em Mendes-da-silva, 2013).
Satisfação e insatisfação no trabalho. Esta categoria se refere ao grupo de participantes que estavam empregados. Dentre estes, alguns sentem insatisfação em relação aos seus trabalhos, outros estão satisfeitos. A presente categoria representou 14,1% das respostas.
P74: “Infelizmente o meu trabalho atrapalha muito em minha vida principalmente por ocupar muita parte do meu tempo e o salário não é tão bom. Traduzindo: escravinho”.
P99: “A minha satisfação no trabalho é fruto do meu empenho pessoal quando consegui aprovação em um concurso público. Por conta disso hoje tenho um nível de remuneração que supera bem as expectativas medianas da maioria das pessoas”.
P183: “Atualmente estou satisfeito no trabalho na qual estou a alguns meses. Sinto que o ambiente me proporciona liberdade total para qualquer situação. Creio que o mais importante é ser feliz onde você trabalha, atualmente me sinto feliz”.
P203: “Me sinto um pouco insatisfeita pelo volume de trabalho, a remuneração não é como esperado (estágio)”.
Segundo Machado e Silva (2017), a satisfação no trabalho aponta para a qualidade da união entre trabalhador e posto de trabalho, reunindo dimensões quantificáveis como renda e jornada, mas também questões subjetivas. Estas são características presentes nos relatos dos participantes, explicitando a junção entre os aspectos subjetivos, o trabalho exercido e a satisfação com a renda e a jornada.
Otimismo em relação ao futuro. Mesmo com um contexto econômico desfavorável, alguns participantes se referiram a um otimismo relacionado ao mercado de trabalho, ao contexto econômico pessoal e nacional. Esta categoria correspondeu a 5% das respostas coletadas. Seguem exemplos:
P28: “Estou satisfeito com os resultados obtidos. Posso aspirar ser algo maior do que eu tinha planejado. No contexto econômico, não atuo de modo incisivo, mas tenho plena convicção de que com meus esforços posso conquistar uma estabilidade financeira”.
P56: “A satisfação com a minha vida atual é média, nem estou muito feliz com minha condição como estudante, nem triste. Acredito que posso conquistar no futuro ou pelo menos tenho a oportunidade de conquistar todos os fatores que tornariam minha vida feliz. Independentemente da situação econômica do país acredito ser possível conquistar um bom emprego como engenheiro”.
P248: “Estou com esperança de que o contexto irá ter outro panorama em 2018”.
Mesmo com um contexto econômico desfavorável, Franks e Scheer (2018) verificaram que a justiça (como um princípio moral) pressupõe que se poderia melhorar o status socioeconômico por meio de trabalho e talento, superestimando a mobilidade social ascendente. Esta perspectiva é consonante com os resultados encontrados nesta categoria, em que as pessoas atribuem, em parte, seu otimismo sobre o futuro econômico ao trabalho e talento.
Não categorizáveis. Dentre as respostas coletadas, 1,4% não se encaixou em nenhuma das categorias. Estas eram respostas que divergiam do que era perguntado, que apresentavam um conteúdo ininteligível, se contradizendo em alguns momentos, como pode ser visto a seguir:
P107: “Saí a pouco tempo de um emprego, onde trabalhava com meu pai e hoje, faço bicos como também tenho um carro alugado, não me arrependo nem um pouco de ter deixado o antigo emprego pois não [...] em nada na minha vida, apenas em 100 reais semanais”.
Em geral, os resultados da análise de conteúdo qualificam os resultados previamente obtidos na parte quantitativa deste artigo, ao demonstrar como a satisfação geral com a vida é afetada pela diminuição na renda familiar e reforçada pelas preocupações com a economia pessoal. Assim, não só a realidade do desemprego e da perda do poder de compra assustam os estudantes universitários, como também a falta de perspectivas de estabilidade financeira, prevendo um panorama de menor satisfação com a vida.
Discussão geral
Analisar a relação entre a renda média familiar e satisfação com a vida pode parecer desnecessária para alguns pelo resultado óbvio esperado. Todavia o crescimento econômico ou um aumento no poder aquisitivo das pessoas pode levar a um aumento da satisfação com a vida delas ( Ribeiro, 2015 ). Entretanto, estudos em diversos países mostram que essa relação pode ter respostas diferentes e mais complexas, já que além das pessoas expressarem respostas diferentes em relação à desigualdade, aos seus valores e às suas circunstâncias pessoais, os continentes e países em geral também possuem grandes disparidades (Ferrer-i-Carbonell & Ramos, 2014; Macchia, Plagnol & Powdthavee, 2020; Martínez-Zelaya, Martner, Páez, & Bilbao, 2016; Roth et al., 2017).
Apesar dessa relação direta e positiva ser de fácil identificação, especialmente se o acesso a bens de consumo é restrito como no caso do Brasil, questiona-se sobre os mecanismos psicológicos subjacentes à relação que podem ter uma forte influência em como as pessoas percebem a sua vida. Neste estudo, observou-se que, além da relação direta e positiva esperada entre a renda familiar e a satisfação com a vida dos estudantes universitários, esta relação foi enfraquecida pelo efeito das preocupações com a economia pessoal.
O caráter misto da análise de dados mostra o efeito mediador na relação entre as variáveis. Assim, a objetividade da renda mensal familiar influenciou de maneira mais forte a subjetividade da satisfação com a vida quando os estudantes perceberam a sua situação financeira diante das oportunidades de emprego, crédito, acesso aos diversos bens de consumo, etc.
O presente estudo demonstra ainda relevância ao identificarmos semelhante processo psicológico em países com diferenças socioeconômicas e culturais tão gritantes como a Alemanha e o Brasil. A presente pesquisa assemelha-se ao estudo realizado por Roth et al. (2017 ) na Alemanha ao identificar a mediação entre uma proxy para desigualdade de renda e uma variável psicológica como a satisfação geral com a vida, através de um mesmo mediador. Da mesma forma, este estudo se aproxima da pesquisa de Schröder (2016 ), na qual foi constatado que a renda influenciava positivamente a satisfação com a vida.
Além de corroborar com estudos internacionais, estes resultados reforçam análises interdisciplinares acerca de aspectos como desigualdades sociais, de renda e aspectos da felicidade (e.g., bem-estar subjetivo) no Brasil, acrescentando as preocupações com a economia como mecanismo psicológico subjacente às percepções sobre a própria vida.
Neste sentido, em meio a uma crise econômica e social, a frase “dinheiro não traz felicidade” pode ser contestada, já que a renda familiar mensal pode trazer tranquilidade e um aumento significativo da satisfação com a vida dos brasileiros. No caso de estudantes universitários, essa máxima se torna ainda mais difícil, por ser um grupo que ainda está galgando o seu lugar no mercado de trabalho.
Considerações finais
Apesar desta pesquisa representar um avanço na análise da relação desigualdade de renda e satisfação com a vida no Brasil, este estudo apresenta algumas limitações. A amostra reduzida pode ser entendida como limitação, pois permitiu a divisão dos participantes em apenas dois grupos de renda. Além disso, teve como base uma amostra formada apenas por estudantes universitários, sendo importante a realização de estudos futuros que investiguem a relação entre desigualdade de renda e satisfação com a vida para outros grupos sociais. Considerando os resultados quantitativos, verificou-se que o efeito das preocupações com a economia pessoal sobre a satisfação com a vida foi significativo, não ocorrendo o mesmo com as preocupações com a economia do Brasil, possivelmente pela amostra em questão. Identifica-se a existência de um perfil de urgência nos estudantes universitários, em que as preocupações com a economia pessoal são mais importantes ao julgar a vida, do que as preocupações com a economia do país.
Estudos futuros são necessários para analisar outros possíveis mediadores que podem influenciar a relação entre (desigualdade de) renda e a satisfação com a vida e/ou a felicidade dos brasileiros em tempos de crise econômica e política, buscando sanar tais limitações. Outra proposta para futuras pesquisas é analisar a desigualdade econômica enquanto componente subjetivo (e.g., Schmalor & Heine, 2021) e também através do prisma da motivação para perceber a desigualdade econômica de formas diferentes (e.g., García-Sánchez, Van der Toorn, Rodríguez-Bailón, & Willis, 2019), já que dados objetivos sobre a realidade econômica de um país ou continente podem proporcionar a facilitação da tolerância e legitimação da desigualdade ( Schröder, 2017 ).
Da mesma forma, novos estudos devem ser realizados com amostras de categorias profissionais, a ver se as preocupações com a economia brasileira surgem ou se sobressaem à preocupação com a economia pessoal. Ademais, pode-se inferir que, nesta fase crítica da trajetória de vida, os estudantes universitários sentem a sua satisfação geral afetada não apenas pela renda familiar mensal, mas especialmente pelas preocupações com o presente e com a realidade que se aproxima para si e sua família. Dessa forma, outros alertas surgem, já que os efeitos identificados no aspecto mais pessoal da vida como o bem-estar e a satisfação em viver, podem afetar seriamente a saúde mental dessa população.
Resumo:
Introdução
Relação entre desigualdade de renda e satisfação com a vida
Método
Participantes
Instrumentos
Aspectos éticos
Análise dos dados
Resultados
Análise estatística
Análise de conteúdo
Discussão geral
Considerações finais